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NO NORDESTE, IMPORTAÇÃO DE CACAU DESPENCA MESMO COM MENOR PRODUÇÃO |
Vencidas as dificuldades decorrentes da vassoura de bruxa, uma doença que quase acaba com a lavoura na Bahia, a cacauicultura brasileira melhorou o rendimento, aumentou a área colhida e a produção nos últimos dez anos. No caso do Nordeste, mesmo com produção menor prevista para 2015, os produtores reduziram as importações de cacau e retomaram as exportações do produto em bruto, paradas há muito tempo. AGÊNCIA PRODETEC ππ [NOVEMBRO 2015] – As importações de cacau inteiro em bruto pelo Nordeste registraram queda significativa no período janeiro-outubro deste ano. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a redução alcançou 69% na comparação com o mesmo período de 2014. As compras externas do produto totalizaram US$ 33,2 milhões no acumulado do ano, até outubro, ante US$ 107,5 milhões no mesmo intervalo de 2014. Os desembarques caíram de 38 mil para 11 mil toneladas de amêndoas. Em relação à produção de cacau no Nordeste, este ano, a estimativa do IBGE é de uma retração da ordem de 12,4% sobre a safra obtida em 2014, consequência da retração de 12,7% observada na área colhida. Pelo levantamento realizado pelo IBGE em outubro, a safra nordestina de cacau deverá se situar em volta de 141,1 mil toneladas no comparativo com a do ano passado (162 mil toneladas). A área colhida estimada (477,8 mil hectares) ficaria um pouco menor que a da safra de 2014 (547,4 mil hectares). Disso resultaria um rendimento de 295 quilos por hectare. No Brasil como um todo, nos últimos dez anos, o desempenho da lavoura cacaueira mostra crescimento em termos de área colhida, produção obtida e produtividade. CACAU NO BRASIL. ÁREA COLHIDA, PRODUÇÃO E RENDIMENTO – 2005/2014.
Fonte: IBGE-LSPA-Nov.2015. Elaboração Agência Prodetec. US$ 697 milhões em seis anos Em 2014, conforme os dados do MDIC as importações de cacau do Nordeste chegaram a US$ 107,3 milhões referentes a 38 mil toneladas. Nos últimos seis anos (2009-2014), a importação do produto inteiro em bruto demandou despesas de US$ 697,2 milhões para um volume de 264 mil toneladas. As compras do cacau em amêndoas no mercado internacional começaram no início dos anos 1990 em virtude dos prejuízos causados pelo mal da vassoura de bruxa à cacauicultura da Bahia. Conforme a Ceplac, em termos nacionais, essas compras atingiram o ponto culminante em 2009, quando o país comprou no mercado internacional 74 mil toneladas, o equivalente a US$ 178 milhões. IMPORTAÇÕES DE CACAU BRUTO NO NORDESTE. PERÍODO 2011-2015
Fonte: MDIC. (*) Até Outubro. Retomada das vendas de amêndoas As aquisições de cacau no exterior por parte do Nordeste tendem a diminuir nos próximos anos, desde que se mantenha a disposição dos produtores baianos de elevar tanto a produção como a exportação de amêndoas, reiniciada no final de outubro pelo porto de Ilhéus. Segundo a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), desde o agravamento da doença conhecida por vassoura de bruxa, que quase dizimou a lavoura cacaueira baiana na década de noventa, a região não exportava o produto em amêndoa, mas seus derivados. O embarque de 6,6 mil toneladas para a Europa, feito pela multinacional Cargill, o equivalente a cerca de R$ 15 milhões, pode representar uma nova abertura para a atividade. Na avaliação da Ceplac, o embarque de 6,6 mil toneladas de amêndoas é o prenúncio de uma nova temporada na cacauicultura nacional. "Temos condições de abastecer o mercado interno, afastando inclusive eventuais riscos de introdução de pragas de alto poder destrutivo, com as importações de cacau de outros países", sustenta o diretor substituto da autarquia, Edmir Ferraz. Para o dirigente da Ceplac, hoje, o Brasil já ascende no ranking dos maiores produtores de cacau do mundo, da sexta par a quarta posição, voltando a suprir o parque moageiro instalado em Ilhéus, com capacidade estimada entre 230 mil e 248 mil toneladas de amêndoas. O agronegócio do cacau no país movimenta cerca de R$ 14 bilhões por ano, considerando as exportações do produto, derivados e o faturamento do setor chocolateiro. "E o panorama mundial é favorável", assegura Ferraz. A Cargill, entretanto, é mais precavida no entusiasmo. Em nota, a empresa explica que a exportação teve caráter pontual, "motivada pela boa safra no Brasil, entre os meses de junho e julho deste ano, aliada a baixa demanda local". Aumento nas exportações As exportações do segmento cacaueiro do Nordeste (manteiga, cacau em pó e pasta) avançaram 24% no período janeiro a setembro deste ano na comparação com o mesmo período de 2014. As vendas desse setor nos três primeiros trimestres de 2015 alcançaram US$ 180,2 milhões, dos quais US$ 110 milhões referentes ao item principal (manteiga, gordura e óleo), US$ 45,8 milhões oriundos de cacau em pó e o restante (US$ 24,4 milhões) proveniente da pasta de cacau. As informações constam do último levantamento do Ministério do Desenvolvimento (MDIC) sobre o desempenho do comércio exterior do Brasil, até setembro. Pelos dados disponíveis, as vendas de manteiga de cacau fecharam o terceiro trimestre com aumento de 63,5% para embarques da ordem de 17,8 mil toneladas. No caso do produto em pó e da pasta de cacau houve queda de 11,1% e 8,1%, respectivamente. Desempenho anual A comercialização da manteiga de cacau este ano já supera o volume obtido em todo o exercício passado (US$ 104,1 milhões). O mesmo não ocorre em relação às vendas do cacau em pó, que somaram US$ 67,2 milhões, e da pasta de cacau (US$ 33 milhões). Vale salientar que as exportações da manteiga evoluíram 125,2% em 2014 quando comparadas ao ano anterior. Todavia, tanto o cacau em pó (-32,6%) como a pasta (+0,18%) renderam menos divisas no mesmo intervalo de tempo. EXPORTAÇÃO DO SETOR DE CACAU 2014/2013 – EM US$ 1,00.
Fonte: MDIC-Secex. Elaboração Agência Prodetec. (*) Variação 2014/2013. |
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